terça-feira, 1 de março de 2011

Filho



São duas sementes, uma nasceu da palavra, a outra nasceu do ventre. A que nasceu da palavra versa sobre o amor, a que nasceu do ventre é o amor. A que nasceu da palavra quase sempre fala por mim, a que nasceu do ventre traz movimento pra minha palavra. A que nasceu do ventre tem o dom de me levar da raiva ao encantamento numa fração de segundo. Esse filho que nasceu de mim, é tempestade, é ventania, e quando me apronto pro furacão, me surpreende em calmaria. Esse filho é meu pedaço, é meu prumo, é minha rima, muitas vezes é meu tormento, mas numa fração de segundo volta a ser meu rei. A flor que nasceu da palavra tem a intenção de construir pontes entre aquilo que sinto e o coração das pessoas, e é essa mesma ponte que todos os dias me leva por vários caminhos ao coração do meu rei, pra mostrar a ele que os muros que ele constrói não levam a lugar nenhum, e que por mais que ele os construa, meu amor por ele vai sempre derrubá-los. E é com muito amor que quero dizer a esse rei que desejo que ele aprenda a enxergar as tantas pontes que o cercam, e que perceba que são essas pontes que podem levá-lo pra conhecer o lado azul da vida! Filho, quero que saibas que tenho consciência de que também devo ter construído meus muros, mas cada vez que te olho, mais vontade sinto de te dar a mão, derrubar os muros e atravessar as pontes.

Ana Mascarenhas - Novembro /2009

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