sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

 MAR SANTO

O mar
É pra mim
Como se fosse
Um santo
Um bálsamo
Que alinha
 Meus desassossegos
Que me acalenta
Quando sinto medo
O mar
É meu maior refúgio
Ele
Que me abraça na areia
Cochicha no meu ouvido
E me arranca
 Todos os segredos
Mar
Sagrado
Que encanta
E assusta
Cresce
E se agita
Dança
E me acalma
Mar
Que me adormece
E desperta
Inspira
E repara
  Mar que me faz cantar
E que mora
Dentro dos meus olhos
Mar
 Curandeiro
Poderoso
Das dores
Que
Ferem
A alma
Tua grandeza
E teu amanhecer
Bastam
Pra que eu me sinta
Em paz

Ana Mascarenhas – 30/12/2011


















quarta-feira, 28 de dezembro de 2011


PÉTALA DA MANHÃ

Minha voz
Emudece
E por sobre a cidade
Apenas o eco
Seco
Do pranto preso
Que não sai

Ana Mascarenhas – 28/12/2011

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

BEIJO SEM TEIA

Gosto
Do gosto
Do teu beijo
Sem o gosto
Insosso da rotina
Beijo Ardente
 Com o gosto
Do inusitado
Gosto
Do gosto
Do teu beijo
Que vem
Das entranhas
Da alma
E do gosto
Do teu beijo
 Meio desalmado
Aquele
Que tem o gosto
Dos becos
Escuros
Por onde transitas
Gosto do gosto
Do teu beijo
Sem o gosto venenoso
Da hipocrisia
Beijo voraz
 Com o gosto
Da pureza
Do hoje
Gosto
Do gosto
Do teu beijo
Sem o gosto
Ansioso
Das teias ardilosas
 Que se prendem
Nas portas
Entreabertas
 Do amanhã

Ana Mascarenhas – 27/12/2011



sábado, 24 de dezembro de 2011

REBENTO

Vejo-te acuado
Arredio
Envolto por uma aspereza
Comum ao medo
Do desconhecido
Mundo gigante
Com garras afiadas
Das quais tentei
Em vão proteger-te
Pueril engano de quem ama
Sensação de abismo sem ponte
De tentar a esmo
Quebrar tua couraça
Fragilidade disfarçada de dureza
Estilhaços de incerteza
Cravados em teu peito
Roçando em tuas angústias
De menino de aço
Descobrindo
Arames farpados
Nos caminhos
Lúdicos
Da única trilha
Que teus olhos
Quiseram enxergar
Calo
Diante da tua mudez
Frente ao que agora se descortina
Mas mesmo assim
Não há um só dia
Que não tente demonstrar
Com minhas atitudes
Ainda que em silêncio
 Que acolhedoramente
Estou sempre aqui


Ana Mascarenhas – 24/12/2011