sexta-feira, 30 de setembro de 2011

CURVAS DO AMANHÃ


Tem dias
Que
As lágrimas secam
O grito
Fica preso na garganta
Represando agonias
Com gosto de sal
Soberba da vida
Torrente desesperança
Poros abertos
Feridas expostas
Doendo no osso
Vastidão na alma
Revirando os caminhos
Vaporosos
Que margeiam
O rio
Das vontades
Pensamentos
Que dançam
Inquietos
Sobre as águas
Rastreando
Recorrentes anseios
Que insistem
Em habitar
Os vãos
Causados
Pela ousadia
De querer
Que o amanhã
Curve-se
Diante de nós

Ana Mascarenhas – 30/09/2011













domingo, 25 de setembro de 2011

A INVASORA


Ela costuma chegar
Sem ser convidada
 Quase sempre
Na hora das despedidas
Ela quer
Mais um gole de noite
Mais uma dose de ilusão
Exerce sobre mim
 Um estranho poder
Quer me fazer acreditar
Que o caminho da felicidade
Pode estar escondido
No fundo de alguma garrafa
Às vezes
Deixo-me levar
Por seus devaneios
E acompanho suas viagens
Numa busca incessante
De esperança
Com ela enfiada em mim
Sou
Um passo em falso
Na beira do precipício
Pára-raios
Atraindo
 Vampiros dançantes
Pela ciranda da noite
Quando amanhece
Ela se vai
Deixando o dia
Com um rastro
De noite
Que não tem fim
E na boca o gosto
Do fel
E a saudade de mim



Ana Mascarenhas – 25/09/2011





quarta-feira, 21 de setembro de 2011


A VOZ DO POEMA EM FLOR


POEMA E VOZ: ANA MASCARENHAS

FARPAS SEM ECO




Ana Mascarenhas- 21/09/2011


quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Letra e música -  Ricardo Fragoso

MAL ME QUER BEM ME QUER

Não é do meu feitio
Dar ouvidos
 A quem não diz a que veio
Prefiro garras expostas
Dentes a mostra
Essas coisas raras
Que não passam pela covardia
Não deixo que meus dias
Se transformem
Num jogo sórdido
De ficar odiando quem me odeia
Não odeio ninguém
Prefiro passar meu tempo
Dando atenção
Ao que me querem bem
Odiar a mim
Não espantará os medos dos teus fantasmas
Ou tampouco fará com que minha voz
Deixe de ecoar pelos caminhos
 Que nos abraçam
Odiar a mim
Não vai abortar
A viagem
Que o destino sussurrou a nossas almas
Temos tempo
Vontade
E bagagem de sobra
Pra seguir
Pelo infinito
E desviar
De desalinhos
Que não são nossos
Odiar a mim
Não calará nossas bocas
 Nem apagará nosso riso
Pois não há mandinga
Nem ódio
Capaz
De secar
O mar



Ana Mascarenhas/ Luís Fabiano – 15/09/2011






sexta-feira, 9 de setembro de 2011

SENTIR


Quanto mais eu calo
Mais ruídos aparecem
Estão dando vez pra minha voz
Ou quem sabe dando voz pra minha vez
Não sou dona de ninguém
A não ser de meus sentimentos
E da forma como os conduzo
Costumo arejá-los
Pendurá-los no varal
Pra que não mofem
Enclausurados
Esquecidos
Nas gavetas escuras do ontem
Meu sentir
Não é ofensivo
Nem obsoleto
Meu sentir
É liberto
Escancarado
Gosto de abraçar o que sinto
Suscitar os poemas que a alma recita
Cantar as cantigas que o coração entoa
            Olhar nos olhos daquilo que me desafia         
Sem me enredar no rastro da inveja
Que andam tentando
Em vão
 Semear no meu caminho
Meu sentir
Não é passado
Nem delírio
Meu sentir
É imune
É perene
E não tem medo de fantasmas


Ana Mascarenhas – 09/09/2011







terça-feira, 6 de setembro de 2011

SAUDADE


Sinto uma saudade boa
Uma saudade sem nó
É uma saudade salgada
Como o gosto do mar que nos banha
Como a cor do infinito
Que nos rege
Minha saudade
Tem sensualidade
De uma renda branca
E a leveza de uma cortina
Que o vento balança
Minha saudade canta
Nas manhãs
O dia passa sem anseio
E o gosto teu me vem na boca
Desejo de alma
A madrugada canta em mim
O riso vem
A noite vai
E eu calo aqui
 Sem palavras
Desenredada
Das teias
Perigosas
Das saudades
Acorrentadas
 

Ana Mascarenhas – 06/09/2011