terça-feira, 30 de agosto de 2011

AS PIRUETAS DA VIDA


Caminhar ao entardecer
Por essas ruas que me acolhem
Nesse porto que me abriga
É como aparar arestas
O dia foi apagando
A noite foi se acendendo
As casas se iluminando
Um ir e vir
Cotidiano
Transeuntes
Buzinas
Encontros
Com pessoas de um passado breve
Acenando possibilidades
Ironias da vida
Reinventando
A existência e seus mistérios
Mais um gole de esperança
Mais um sopro de determinação
Ganas de viver
Apagando as agonias
Deixando que a ternura me rasgue
 E que o desejo me acaricie
Enquanto a vida multifacetada
Me entontece
Com suas piruetas
Sem tirar-me do eixo
Ainda que viver
Seja às vezes
Um grande labirinto


Ana Mascarenhas – 31/08/2011

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

NASCENTE


A verdade
Das palavras
Que dizemos
Ofusca
O ruído
Das más línguas
Nosso rir a toa
Nossas pernas entrelaçadas
Nosso navegar
Tem causado descontentamentos
Seguimos adiante
Repousando no abraço
Um do outro
Sentindo a brisa
A maresia
Atentos as tempestades
Durante o percurso da viagem
Nos tornamos
Loucos
Cúmplices
Leves
Permeados
Por nossa respiração
Divina
Asas que nadam
Lemes que flutuam
Silêncios que ecoam
Risos que choram
Enquanto nossas bocas
Tocam o céu
Descortinando
O infinito
Beirando precipícios
Afiamos nossas línguas
Na ponta do fio da palavra
E no brilho da flor da navalha
Nossas inspirações são concebidas
Na nascente de nossas almas
Feito rio que corre pro mar
Assim como tudo que reverbera
Em cada um de nós




Ana Mascarenhas – 25/08/2011











segunda-feira, 22 de agosto de 2011

UM BRINDE AO INESPERADO


Hoje ele não está
Minha alma
Segue aquecida
Quando estamos longe
Distância que não dói
Diante do que sussurra
Abraço minha solitude
E passeio entre minhas coisas
Um fogo
Um café
Um poema
Uma canção
Uma taça de vinho talvez
Meus
Passos serenos
Ao encontro de mim mesma
Sinto-me em paz
Estrelas riscando o céu
Enquanto minhas vontades
Acendem-se na noite fria
Bebo o vinho
E brindo a vida
Alma quieta
Navio ancorado no cais
E a certeza
De que o inesperado
Me sorriu





Ana Mascarenhas – 22/08/2011






quinta-feira, 18 de agosto de 2011



Sem palavras!
A música fala por si só!
E a interpretação das duas é algo que acaricia a alma!
Boa viagem!




MARCAS DA AGONIA



Sinto arder minha pele
As marcas profundas
Dos dentes da agonia
Cravados em mim
Nuvem de fumaça
Invadindo meus pulmões
Entupindo minhas veias
Subterfúgios
Em maço
Bengala empacotada
Angústias cruas
Nuas verdades
O botão aceso do piloto automático
A esperança por um fio
O medo de esmorecer
Diante da incerteza
Perguntas que não calam
Respostas adormecidas
Um descontrole da razão
A alma desassossegada
Pelos ruídos ensurdecedores
Das paredes que desmoronam
Em meus castelos
Ânimo soterrado entre os escombros
A vida me batendo na cara
Socos de mão fechada
Não apanho calada
Nem baixo os punhos
Ainda resta
Um lampejo de vontade
Rumo ao próximo passo
E é nele que me agarro
Pra enfrentar o hoje
Pois o amanhã
Ainda não sei




Ana Mascarenhas – 19/08/2011






quinta-feira, 11 de agosto de 2011

MADAME SATÃ



Estou na berlinda
Sinto-me exposta
Apetitosa
 Quase uma laranja de amostra
Elas me vêem
Sabem quem sou
E querem esmagar-me
Me querem fora do seu caminho
Tentam fragilizar-me
Querem que eu perca as forças
Que enverede pelos caminhos sem volta
Pelos quais elas trilham
Não
Não eu
É bom que saibam
Que eu não abrirei mão
Façam o que fizerem
Seja mandinga ou macumba
Promessa
Ou
Feitiço
Nada me fará curvar
Estou protegida pelos santos
E diabos que me carregam por aí
Estou respaldada pelo que sou
E ele sabe quem sou
A cada dia que passa
Mais ele me sabe
E mais ele me crê
Enquanto elas rastejam
Desesperadas por mais um afago
Sedentas por mais uma noite
Querendo descobrir um jeito de me reduzir a nada
Estou deitada
Assoviando
De pernas cruzadas pro alto
Ganhando céus
E mares
E porque não dizer
Alguns prazeres que só o inferno oferece
                                          De santa                                          
Não tenho nada
Sou uma mulher
Como outra qualquer
Com Garra
Gana
Desejo
Na minha boca
Um sorriso
De quem
Não tem medo
Nos meus olhos
O infinito
Nas minhas mãos
O leme
No meu pescoço
Um patuá
Onde diz
Em letras bem pequenas
Madame Satã
Para serviços leves




Ana Mascarenhas – 11/08/11

quarta-feira, 10 de agosto de 2011


MÃE DAS ÁGUAS
LETRA E MUSICA: ANA MASCARENHAS



 O MAR PRA MIM É UM DESCONHECIDO
QUE INSTIGA, ASSUSTA E FASCINA, E A CADA DIA QUE PASSA
MAIS VONTADE EU TENHO DE DECIFRÁ-LO. NOS ÚLTIMOS TEMPOS, TENHO NAVEGADO SERENAMENTE EM SUAS ÁGUAS.E ISSO, EM SE TRATANDO DE MIM, POR CERTO JA É UMA OUSADIA. 


Ana Mascarenhas - 11/08/11

domingo, 7 de agosto de 2011

DÉCIMO TERCEIRO ROUND



O gongo soa mais uma vez
Sinto-me plena
Não há dor
Que me faça cair
Às vezes meto os pés pelas mãos
E digo palavras a esmo
Molhadas pelo vinho
Lembranças vagas
De lágrimas e corda bamba
Não há o que temer
O coração da o tom
A verdade cuspida na minha cara
Desde sempre
É assim
De vez em quando
É como se levasse um soco na boca do estômago
Sinto-me tontear
Pareço não agüentar
Mas não
Não vou a nocaute
No canto do ringue
Levanto-me
Pronta para mais um round
Coisas que a vida tem me ensinado
Quero mais
Cada vez mais
A ti e tudo mais que te faz parte
Um pouco da tua lama
Teu hálito de rum
Teus poemas
Que te refletem
Como um espelho
Quero cada vez mais
Teus horários estranhos
Tuas manias ímpares
Teus porões com as sombras e fantasmas
Que deles fazem parte
Não conheço a frieza
Que advém dos teus muros
No meio de tudo isso
Percebo teu olhar terno
És pra mim
O que ninguém mais conhece
Tuas indiferenças e sarcasmos
A mim não ameaçam
Talvez meu único e remoto receio
Seja que ao dares teus passos pela calada da noite
Encontres alguma outra alma que se entrelace a tua
Talvez aí me corte tua navalha
Até então, não há paredes de pedra que eu não escale
Nem pancadas que eu não agüente
Não sangro em tuas mãos
Nem se dilacera minha alma por tuas raras ausências
Amo-te assim mesmo
Meio homem
Meio bicho
Cada vez mais inteiro
Quando aninhado em meus braços
 Somos algo entre um coração
Que não é tão de pedra
E um queixo que embora pareça, não é de cristal
Eu agüento as porradas da vida
E tu choras ao ouvir uma simples canção
Eu
Beijo teus olhos
E aceito teu silencioso convite
Pra seguir lutando
Sem medo
No décimo terceiro round




Ana Mascarenhas – 07/08/2011

sábado, 6 de agosto de 2011

 AINDA ASSIM, SOU TUA



Estou tomada de ti
Do teu riso louco
Até teu silencio que sacia
Estou tomada de teus versos
Rio que corre pro mar
Manhã que voa
E descansa
No rumo dos teus olhos
Estou tomada de ti
Rastro de calmaria
Que invade a casa
Quando tu te vais
Vastidão de querer
Avesso da metade
Inteira sou eu quando tua
Meus olhos a espera
Do próximo instante
Estou tomada de ti
E de tuas marcas
Que dormem em mim
Até tua volta
Abro a porta
Recebo a noite
E canto pra lua
Um agradecimento
Quase uma oração
Ao tempo
Em que estamos juntos
Estou tomada de ti
E de tudo de bom
Que esse tempo nos trouxe
Estou tomada de ti
Sem perder-me de mim
Talvez seja exatamente por isso
Que ainda assim, sem perder-me de mim
Sou tua



Ana Mascarenhas – 06/08/2011
Belíssima canção!

Ótimo final de semana a todos!