domingo, 27 de novembro de 2011

NÉLSON COELHO DE CASTRO/ VER-TE
 
AO MEU VER, ESTA MÚSICA É UMA UMA OBRA PRIMA
APRECIEM, SEM MODERAÇÃO
E ÓTIMO FINAL DE DOMINGO PARA TODOS


A FLOR DO CAOS

Às vezes
Preciso
Desconectar
De algumas coisas
Pra não perder a essência
Desfazer os nós
Afrouxar os elos enferrujados da insanidade
Compreender o tempo
Ouvir o silêncio
Às vezes
Preciso
Tirar os pés do chão
Tocar o céu com os meus sonhos
Transcender os sinais
Vestir o vazio
Às vezes preciso
Me permitir
Chorar
Partir
Doer
Sangrar
Romper
Sentir
Refazer
Voltar
Às vezes
Preciso
Viajar de mim mesma
Pra depois perceber
Que é possível
Que algo ainda floresça
Em meio ao caos


Ana Mascarenhas – 27/11/2011




sexta-feira, 25 de novembro de 2011

SERVIÇO DESPERTAR GRATUITO


Eram oito horas da manhã
Quando o telefone tocou
Levantei pra atender
Meio a contragosto
Tinha perdido o sono de madrugada
Consegui dormir de novo quando já clareava o dia
E ainda faltava meia hora para o relógio despertar
Mas enfim
Meu sono foi interrompido
Vai ver, alguém queria me dar bom dia
Atendi e não reconheci a voz do outro lado
A pessoa disse
Bom dia
Estou ligando pra avisar
Que tua hora chegou
Eu, meio sem entender o que se passava
Respondi
Obrigada pelo aviso
Mas na verdade
Minha hora é só às oito e meia
De qualquer forma
Agradeci pelo “serviço despertar” gratuito
Do outro lado, ela grunhiu algo que não entendi
 Desliguei
 Estranhando um pouco
O mau humor da moça do lado de lá
Afinal, ela ligou porque quis
Fiquei olhando pro telefone e pensei
Já que fui acordada antes da hora
Vou abrir as janelas mais cedo
E deixar o sol entrar
E ele entrou
Iluminando meu dia
Trazendo luz e energia pra minha manhã
Sorri e mais uma vez, pensei
No fim das contas
A moça do serviço “despertar gratuito”
Mesmo sem saber
Acabou me fazendo um favor
É a vida
Nada é por acaso


Ana Mascarenhas – 25/11/2011



domingo, 20 de novembro de 2011

PALAVRAS DESGARRADAS

Minhas palavras
Andam sufocadas pela vida
Palavras delirantes
Que resultam
De minha mente inquieta
E atropelam-se
Sobre o papel
Palavras enclausuradas
Que se debruçam
Sobre palavras libertas
Na tentativa
De acasalar seus significados
Minhas palavras
Precisam de ar
Pra ganhar os céus
E reverberar no infinito
Calando meus anseios
Minhas palavras
Precisam banhar-se
Em águas profundas
Pra ganhar forças
E ecoar além da alma
Minhas palavras
Precisam calar
Precisam aninhar-se
E em silêncio
Descansar na areia
Enquanto o mar
Calmamente
Lambe suas feridas
A lua nasce
 Despretensiosa
E doce
Carregando
 As palavras
Desgarradas
De volta pro papel

Ana Mascarenhas – 20/11/2011




 




quarta-feira, 16 de novembro de 2011

CIO DOS MEUS PORÕES

Hoje visitei
Meus porões
Abri portas
E janelas
Deixei entrar
O sol da manhã
Arejei os guardados
Joguei fora os entulhos
Guardei o estrito
Segui viagem
Enquanto deixava pra trás
O cortejo dos infortunados
Que não querem ver
Asas que batem
Me alimento
De minhas esperanças
Cavando fundo
As sementes de minhas memórias
Tentando salvaguardar
Aqueles que amo
Das brutais agruras da vida
Mas não tenho todas as respostas
Faço minha parte
E aguardo que a lua nasça
Trazendo um novo alento
Que a verdade se dispa
E o sossego ainda que trôpego
Renasça das próprias cinzas

Ana Mascarenhas / Luís Fabiano – 17/11/11




RETRATOS DA AGONIA

O ar parecia rarefeito
A noite carregava
Uma estranheza
Sentidos
Aguçados
E confusos
Adormeci
Entre silêncios
E vertigens
Densas energias
Cochilavam
Escondidas
Nas curvas
Da vida
Atrás das esquinas
Enquanto a cidade
Dorme
A lua se esconde
E a noite
Se contorce
Tentando driblar
A maldade
E a ganância
Que Cravam
Seus dentes
Em quem ousar
 Enfrentar seus açoites
 Escravos cativos sem grilhões
A espera de uma liberdade que não amanhece
Ou um consolo para dores que não cessam
Gritos anônimos misturam-se
Ao meu silêncio
Arrancando-me involuntariamente
A paz que tento cultivar



Ana Mascarenhas / Luís Fabiano Gonçalves – 17/11/11

sábado, 5 de novembro de 2011

MILHAS E MARES


A curiosidade
Levou-me
A querer navegar
Por estas águas
A calmaria
É o que
Me faz querer
Continuar navegando
O respeito e a confiança
Dão o tom
Pra dissipar
Qualquer tormenta
Que queira interferir
Na navegação
A leveza
Trouxe
A cumplicidade
Que fez
 Com que
 Naufragassem
Os apegos
O vento segue soprando a favor
 O mar está diante de nós
 Em suas ondas repousam
Todos os sentimentos
Que nos unem
A nós
Cabe apenas
Navegar
Mais e mais
Milhas e milhas
Mar adentro


Ana Mascarenhas - 06/11/2011