domingo, 30 de março de 2014

OLHOS DE MAR
A noite chega
Estou sozinha
Na sala de minha casa
As portas e janelas estão abertas
Uma brisa suave invade a sala
Me sinto inquieta
Fecho os olhos
Vejo o mar
Escuto a música que vem dele
O barulho das ondas
Quebrando na praia
Uma melodia aninhada na alma
Indo
Vindo
Lambendo os desejos do mar
Abro os olhos e penso
Que tudo que eu queria agora
Era o mar
Bem aqui
Do outro lado dos meus olhos


Ana Mascarenhas - 30/03/2014
CALÇADAS DE OUTONO
O outono chegara
E com ele eu estava em boa companhia
A cidade estava quieta
As folhas das árvores balançavam lentamente numa dança silenciosa
Sobre a calçada apenas uma cadeira
E algumas folhas secas trazidas pelo vento
Sobre o degrau da porta
Um copo de cerveja
Um maço de cigarros
E em mim uma sensação recorrente de vazio
Eu me sentia vazia como a noite da minha rua
Vez ou outra
Um carro que passava
Interrompia meu devaneio solitário
Me trazendo de volta
Daquela viagem sem passageiros
Na sala, o rádio estava ligado
As luzes estavam acesas
Mas em mim quase tudo se apagara
Acendo um incenso e mais um cigarro
Mais uma cerveja talvez
Pra amortecer os sentidos
Os sentimentos
Os medos e os desejos
Que insistem em pulsar
Rompendo o meu deserto na calçada
Não quero sentir nada
Não hoje
Não agora
Não neste momento
Onde tudo parece tão insano
Não neste instante onde em mim tudo parece doer
Meu corpo deformado pelo tempo
Minha mente incapaz de controlar todo esse desatino
Minha alma entristecida pelas coisas nas quais acreditei
E que se perderam pelos descaminhos
A casa agora está em silêncio
O telefone não toca
A lua não apareceu
E o mar não está aqui perto
Mas a noite está bonita
O céu está estrelado
E o outono me conforta

Ana Mascarenhas – 30/03/2014

terça-feira, 25 de março de 2014

PÉTALA DA MADRUGADA
A madrugada
Afoita
Sempre está a nossa espera
Com ares de quem sabe
Que já é tarde
E que em breve
Está na hora de ir embora

Ana Mascarenhas – 25/03/2014


quinta-feira, 13 de março de 2014


Há coisas que não precisam ser ditas....
Basta sentir....
Com a  alma e coração...
Simples, assim





sexta-feira, 7 de março de 2014

SIM, EU SINTO, MUITO
Não me deixo doer pelas ausências
Nem pelos silêncios
Quero apenas apegar-me as verdades daquilo que sinto
Apego-me aos sentimentos que fazem morada dentro de mim
Vou preenchendo as lacunas que por vezes se abrem
Tentando entender a mim
Tentando entender os outros
Algumas vezes me abismo
Outras vezes me encanto
Não raro me calo
E me deixo apenas sentir
Não sei se é certo ou errado
Mas faz parte da minha essência
Sentir tudo até o osso
Seja dor
Ou Paz
Não lido bem com superficialidades
Tem dias que choro por nada
E outros dias que desfruto
Das sensações de serenidade
Advindas da alma
Isso pra mim é viver
Sem máscaras
Ser o que sou
E sentir o que sinto
Um luar luzindo na escuridão
Uma navalha rasgando a pele
Ambos me fazem sentir
Encantamento ou dor
Enquanto meu sentimento
Não beirar o abismo da indiferença
É sinal de que ainda estou viva
E de que por aqui
De uma maneira ou de outra
Tudo anda bem

Ana Mascarenhas – 07/03/2014





quinta-feira, 6 de março de 2014

47 MESES E UM QUERER SEM FIM
Mais um ciclo que nos brinda
Mais um verão que está quase indo embora
Mais um inverno que está por chegar
E nós ainda estamos aqui
Talvez sem uma leveza constante em nosso entorno
Talvez sem tanta constância em nossos encontros
Mas nossas certezas ainda parecem estar em nós
Como o mar que transborda e se recolhe
Em ondas que vão e vem
Ora ele se recolhe
Ora ele transborda outra vez
Mas ele está ali
E nós sabemos disso
Rasgos de um querer
Que não se termina
Eu arriscaria dizer que te sei tanto
Falo de te saber
Através do teu olho
Teu olho que brilha de encantamento
Quando falas de algo que te apaixona
Ou teu olho que se apaga
Feito outro dia
Quando algo te aperta o peito
Falo de te saber como és
E de te querer como és
Falo de um querer genuíno
E de um querer perene
Que me arremessa pra vida
Que me escancara as verdades
Que me dilacera e me afaga
E ao mesmo tempo me acolhe
Nos abraços mais ternos
Que só o silêncio
De nossas almas entrelaçadas por tanto tempo
É capaz de nos fazer compreender
 Porque ainda estamos aqui

Ana Mascarenhas – 06/03/2014