quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

NUANCES DE UM POR DO SOL EM SOLIDÃO

Ouço o eco dos meus passos transitando
Pelas ruas de mim
Encontro meus medos pelos becos
Sinto a paz escondida entre os labirintos
Meus anseios no espelho
Refletem os vestígios de uma solidão que se revela
Não sei de mim
Nem de ti
Nem do riso que ecoava pela casa
Pelo vão da cortina
Vejo apenas o asfalto
E as nuances de um por de sol se debruçando sobre a minha janela
Quem me dera agora poder ver o mar
E mergulhar na sensação reparadora que ele me provoca
Enquanto o sol se despede despindo a lua
Que rompe o horizonte cintilando no mar

Ana Mascarenhas -25/01/2013



terça-feira, 22 de janeiro de 2013

PALAVRAS

Cuidado com as palavras  
Depois de ditas
 Não se vão com o vento
Aninham-se na alma do outro de um jeito
 Que nem o tempo com seus efeitos de cura
Será capaz de dissipá-las

Ana Mascarenhas – 22/01/2013





quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

EU MEIO TU, TU MEIO EU

Eu meio tu, tu meio eu
Em meio a ternuras e desejos
Eu meio tu, tu meio eu
Enquanto a madrugada nos invade
Entre rendas e surpresas
Eu meio tu, tu meio eu
Enquanto violões, paredes, e lençóis nos capturam
Eu meio tu, tu meio eu
Reagindo afetuosamente com o inesperado
Eu meio tu, tu meio eu
Conjecturando sobre a vida na calçada
Eu meio tu, tu meio eu
Sem ranços ou conceitos
Eu meio tu, tu meio eu
Sem rótulos
Ou formas
Ou gêneros
Eu meio tu, tu meio eu
Nós somos chuva
Nós somos um
Diante do mar
Que nos navega e traduz
Eu meio tu, tu meio eu
Cada vez mais emaranhados
Nas ondas de uma leveza
De almas, bocas, e pernas que se entregam
Enquanto nos descobrimos
De um jeito que nunca sequer imaginamos ser
 E hoje
 Despidos de tudo que já vivemos até antes de nós dois
Podemos dizer que somos
Infinita e verdadeiramente
Eu meio tu, tu meio eu

Ana Mascarenhas – 09/01/2013