terça-feira, 1 de março de 2011

DE SALTO ALTO

Não sei bem em que dia, o nosso amor resolveu subir no salto, e assim de salto alto  foi achando que era o dono do mundo, que podia ofuscar a rotina, que como era todo poderoso, podia passar a perna no dia-a dia. Não sei bem em que dia, o nosso amor resolveu subir no salto, e assim de salto alto foi pensando que era o dono do pedaço, que podia tapear as paixões, que como era o rei da cocada preta, podia passar a perna nos desencontros. Não sei bem em que dia, o nosso amor resolveu subir no salto, e assim de salto alto, foi passando de patrola por cima das diferenças, esquecendo de regar as plantas, e de trazer flores na sexta-feira. Coitado do nosso amor, ficou tão em cima do salto, que não deixou mais bilhetes, não acendeu velas e sequer lembrou de variar a fragrância dos incensos. O nosso amor ainda em cima do salto, não se importou em abrir as janelas e arejar os sentimentos, deixando presa a brisa do riso, amando assim em fragmentos. E foi assim que o nosso amor andou nos últimos tempos, de salto alto, se achando bárbaro, soberano, imune a tudo, porque afinal de contas, era o nosso amor! O melhor, o mais verdadeiro, o mais duradouro, o que resiste a tudo e a todos! Só que o nosso amor, esse, o pai de todos, esqueceu de um pequeno detalhe, que de vez em quando pra que o amor ande melhor, e por caminhos que são permeados pelo rumo da certeza, é preciso descer do salto e andar de havaianas, ou até mesmo de pés descalços.

Ana Mascarenhas - 08/03/2004

Um comentário:

  1. Ameeeei, Ana!
    Redescobri com estes textos nós de antigamente...um elo, uma lembrança, o porquê de nossas afinidades!!!!
    Bjão, amada!
    Continua sempre escrevendo e alegrando nossos sentidos!!!

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