sexta-feira, 22 de abril de 2011

Nascedouro de um cantar

Sinto o gosto do vinho descendo lentamente pela garganta
Enquanto surgem as palavras que antes estavam presas
O chão se abre
Estou soterrada
Avalanche de dúvidas
Medos
Inseguranças
Sensação de que tudo está por um fio
A vida me sorrindo de um lado
E de outro a realidade da vida metendo o dedo na minha cara
Como quem diz
E agora?
Vai lá
Da conta de tudo
Reage
Não chora
Não esmorece
Canta!
Não sucumbe entre os escombros
Levanta
Busca o ar
Respira
Não tenha medo
Apenas canta!
Não anda pelos descaminhos
Nem te contenta com linhas sempre retas
Degusta as surpresas das curvas
E as nuances dos caminhos desconhecidos
Ao soar do violão
Deixa inquietar a alma de forma que o coração cante
Olhos semicerrados
E um viajar além da porta que se fecha
Sente o momento
Apenas ouve o que a vida entoa
Foi o que fiz
Fiquei em silêncio
Ouvindo a vida cantar
Do vinho, não tomei o último gole
Da vida, ainda sinto sede
Do fim, não desejo a morte
E do meu cantar, ainda quero beber muito mais


 Ana Mascarenhas - 22/04/2011



























Um comentário:

  1. Nossa Ana não tenho nem o que falar, só que além de tu ser uma pessoa tão querida, tão maravilhosa, és uma grande poeta.
    E não imaginas como eu queria que o mundo te conhecesse, o mundo inteiro, por que ele não imagina o que está perdendo.
    Tudo que tu escreve ou canta, é perfeito, é inteligente, é profundo.
    Podem parecer apenas palavras da boca pra fora, mas não são, és a maior poeta que conheço, e acho que vou conhecer :D

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