quarta-feira, 13 de abril de 2011

DESESPERO EM PAZ

Nunca fui tão fundo em algo em minha vida
Falo de um ir fundo que transborda em desespero
Mas não aquele desespero desesperado
Que faz sofrer
Falo de um desespero que vem do abismo da alma
De um desespero que se atreve em querer mais
Falo de um desespero que rasga as entranhas
E faz falar o corpo
Um desespero que ri e chora ao mesmo tempo
Mas não chora de dor e sim de contentamento
Falo de um desespero que passeia entre a sanidade e a loucura
Um desespero que arranha e acaricia
Deixando marcas que o tempo até encobre
Mas não tem força pra apagar
Um desespero que permeia o arrefecer e o incendiar
O mar e o deserto
Falo de um desespero que beira a mansidão
E falo, se é que isso existe
De um desespero que singra lentamente as profundezas de um querer
Que eu ainda não conhecia
E que acaba por revelar os meus sentidos mais arraigados
Não há mais como acalmá-los
Pois de mim, a cada mergulho, verte uma paz que desesperadamente
Não tem fim, uma paz que o desespero não sacia.



Ana Mascarenhas - 13/04/2011

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