domingo, 7 de agosto de 2011

DÉCIMO TERCEIRO ROUND



O gongo soa mais uma vez
Sinto-me plena
Não há dor
Que me faça cair
Às vezes meto os pés pelas mãos
E digo palavras a esmo
Molhadas pelo vinho
Lembranças vagas
De lágrimas e corda bamba
Não há o que temer
O coração da o tom
A verdade cuspida na minha cara
Desde sempre
É assim
De vez em quando
É como se levasse um soco na boca do estômago
Sinto-me tontear
Pareço não agüentar
Mas não
Não vou a nocaute
No canto do ringue
Levanto-me
Pronta para mais um round
Coisas que a vida tem me ensinado
Quero mais
Cada vez mais
A ti e tudo mais que te faz parte
Um pouco da tua lama
Teu hálito de rum
Teus poemas
Que te refletem
Como um espelho
Quero cada vez mais
Teus horários estranhos
Tuas manias ímpares
Teus porões com as sombras e fantasmas
Que deles fazem parte
Não conheço a frieza
Que advém dos teus muros
No meio de tudo isso
Percebo teu olhar terno
És pra mim
O que ninguém mais conhece
Tuas indiferenças e sarcasmos
A mim não ameaçam
Talvez meu único e remoto receio
Seja que ao dares teus passos pela calada da noite
Encontres alguma outra alma que se entrelace a tua
Talvez aí me corte tua navalha
Até então, não há paredes de pedra que eu não escale
Nem pancadas que eu não agüente
Não sangro em tuas mãos
Nem se dilacera minha alma por tuas raras ausências
Amo-te assim mesmo
Meio homem
Meio bicho
Cada vez mais inteiro
Quando aninhado em meus braços
 Somos algo entre um coração
Que não é tão de pedra
E um queixo que embora pareça, não é de cristal
Eu agüento as porradas da vida
E tu choras ao ouvir uma simples canção
Eu
Beijo teus olhos
E aceito teu silencioso convite
Pra seguir lutando
Sem medo
No décimo terceiro round




Ana Mascarenhas – 07/08/2011

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