quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

CRISÂNTEMOS AZUIS, E FIM



Sim, hoje penso que talvez devêssemos realmente ter selado o fim da nossa história no dia dos crisântemos azuis. Acontece que ao vê-los na tua mão, tão bonitos e tão azuis, não conseguia me remeter ao fim. Só conseguia enxergar ali, uma possibilidade de recomeço. Uma vontade de ser tua água e de que fosses meu vinho, e de que nos bebêssemos pela vida a fora de mãos dadas e pés descalços, alguns dias rindo e outros chorando por causa da impermanência das coisas que nos movem. Vendei os olhos e quis sim, continuar navegando nesse mar de amor que nos envolve, sem querer perceber que o ciclo do começo do nosso fim, já nos espreitava há muito tempo. Agora, com uma grande ausência de tí, mas serenamente lucida e reconhecendo todas as dependências e amarras que nos prendem a esse amor que queríamos eterno, nos vejo livres pra trilhar outros caminhos que a vida nos reserva, respeitando todos os signos que fizeram e certamente ainda farão por muito tempo parte desse amor tão verdadeiro que une nossas almas e que se traduz em poesia e canção, se reflete em luas, se mistura a aromas e trilhas musicais que marcaram esses dez anos de vida em comum. E mesmo triste, mas compreendendo as razões que nos separam, te ofereço não só crisântemos azuis, te ofereço flores do campo, margaridas, girassóis, rosas brancas e amarelas, lírios da paz e mais todas as flores que meus braços sejam capazaes de carregar. Te ofereço todas as noites de lua e todos os dias ensolarados pra aquecer um pouco o frio interno que essa ausência causa. Te ofereço meu amor de longe, meu amor sem vigias, meu amor liberto, meu amor incondicional. Me afasto de tí pra te ver rir, pra te ver dançar. E me afasto com a sensação de ter aprendido que flores não selam só começos, elas podem também selar fins e por mais que me doa não te ter, é bem melhor assim, um fim com ternura e crisântemos azuis.
Vai em paz que eu fico em paz...e se por acaso um dia resolveres voltar, não te surpreende ao encontrar a porta aberta e sobre a mesa, um copo d'água, uma boa garrafa de vinho e um vaso cheio de crisântemos azuis.

Ana Mascarenhas - 09/08/07

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