quarta-feira, 13 de julho de 2011

ALÍVIO

 

Algumas coisas repousam
E pulsam em paz
Já outras
Seguem em tempestade
Esmorecer não está nos meus planos
Porém meus pés não tocam o chão
Minhas mãos seguram o nada
Minha voz ecoa no abismo
Não encontro o caminho
Meu peito fica apertado
Falta-me o ar
Sinto medo
Quero respirar
Sentar-me a porta no fim do dia
Com a sensação de que
Fiz o que tinha que ser feito
Que dei conta de mais um dia
E que minha luta não foi em vão
Que minha casa estará bem
E que ao anoitecer a luz estará acesa
Que meu filho estará logo ali em seu quarto
Meus cachorros abanando o rabo
As paredes pintadas de branco
Portas e janelas de madeira
Pátio com canteiros floridos
Um foguinho pra amenizar o frio
Um bom ventilador pros dias de calor
A bagunça de sempre
Que não chega a causar
Grandes transtornos
A gaveta de contas pagas cheia
A gaveta de contas a pagar vazia
Cortinas de chita nas janelas
Panos claros sobre os sofás
Almofadas de fuxico
Tapete de retalho no chão da sala
Música e poesia na alma
Incensos diversos
Bons filmes
Meus amigos
Algum abraço
Alma leve
Coração em paz
Um brinco novo
Vinho tinto no inverno
Gin tônica no verão
Um violão
Um bom tom
Uma risada
Uma brisa
Uma canção
Um alívio
Um ar
A cada dia acordar
E começar outra vez
Com a certeza
Que a dignidade
Estará sobre a mesa
E em todos os cantos
Da minha casa
E das coisas tantas
Que cercam a minha vida
E assim, só assim
Aliviar de vez




Ana Mascarenhas – 13/07/2011


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