segunda-feira, 16 de maio de 2011

AS OUTRAS MULHERES DE MEU HOMEM


De vez em quando tenho vontade de saber
Como são as outras mulheres de meu homem
Mas não por uma mera curiosidade possessiva
Não para saber se são altas ou baixas
Magras ou gordas
Brancas ou negras
Se são mais ou menos bonitas
Se são mais velhas ou mais moças
Se suas bundas são estelares ou não
Se tem mais ou menos estrias do que eu
Ou por quantas horas fazem amor ou sexo sem parar
Não quero saber como se chamam, nem onde moram
Nem o número de seus telefones pra dizer a elas que ele é meu
Não
Até porque ele é meu sim
Mas também é de cada uma delas
E ao mesmo tempo não é de ninguém
Por certo ele escolheu a cada uma de nós
Justamente pelo fato
De que devemos ser completamente
Diferentes umas das outras
Não precisa de nenhuma
Mas quer a todas intensamente
Do seu jeito, gosta verdadeiramente de todas
Sinto-me grata pelo fato de nunca ter sido chamada de Elisa
Monica, Marisa ou Carla
Acho louvável que um homem de tantas mulheres não confunda seus nomes
Não confunde porque sabe exatamente quem é cada uma de nós
Nos escolheu por causa de nossas especificidades
Mas e nós, porque o escolhemos?
É isso que me faz vez ou outra querer saber
Como são as outras mulheres de meu homem
Por que temos algo em comum
Algo que
Une a todas nós
Um homem que é de todas
Mas que com cada uma de nós é um
O que faz com que tenhamos nos unido a ele?
São as mesmas razões que nos fazem querê-lo e aceitá-lo como é?
Queria saber se são felizes
E se tem algum refúgio para os momentos de ausência
Como se sentem quando percebem sua inquietude
E os cheiros de outras mulheres misturados ao dele?
Calam, esbravejam
Ou simplesmente aceitam
Com serenidade por saberem que as coisas são exatamente assim?
Perguntam a ele de onde vem e para onde vai?
Questionam onde e com quem estava na noite anterior?
Compreendem sem desalinhos quando ele simplesmente lhes diz não?
Percebem a importância do silêncio?
Deixam que ele lhes toque a alma ou basta que ele lhes toque o corpo?
Prezam a liberdade dele ou na verdade sentem vontade de prendê-lo?
Como reagem quando algo lhes raspa o peito trazendo a tona alguns medos e inseguranças? Choram, emudecem, quebram coisas ou escrevem?
Exercitam-se para agigantar-se diante desse modelo corajoso de relação?
Ou aceitam e depois adoecem de ciúme, possessividade, sensação de rejeição
Essas coisas todas que permeiam as relações “ditas normais”
Sinto-me tranqüila em saber que elas existem
E mesmo sem saber como e quem elas são
Sinto que o fato de termos algo em comum
De alguma forma
Faz com que eu as respeite
Afinal, sabem escolher
Tem bom gosto
São corajosas
Ousadas
São gigantes
E assim como eu
Não abrem mão do desafio de tê-lo
Nem esmorecem diante de tal desafio
E isso faz com que eu as admire
Somos, todas nós, sem dúvida, admiráveis
Lutamos com unhas e dentes por nosso homem
Cada uma com suas armas
Cada uma do seu jeito
Não sei ao certo quantas somos
E nem quantas seremos amanhã ou depois
Creio que isso não faz diferença
Desde que não queiram tirar o que me cabe
E que sigam respeitando
Os momentos em que ele é meu
Meu respeito continuará sendo recíproco
Enquanto isso, nós continuamos sendo incógnitas
Umas para as outras
Vamos nos cruzando pela rua sem saber quem é quem
Levando algumas vezes essas curiosidades em nossa razão
Por outras vezes, quando estamos com ele, por exemplo,
Nem nos lembramos da existência umas das outras
E é isso que significativamente importa
E enquanto continuar assim
Podem ter certeza de que
Por mim está tudo bem




Ana Mascarenhas – 16/05/2011




























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